Na hora da partida
Aqui não me lembro bem qual foi o dia, mas tenho quase a certeza que foi no dia 11 de Maio por volta das 8 horas da manhã, que a porta se fechou, na hora da partida.!!!
Normalmente quando se tem irmãos mais velhos, estes são os nossos ídolos ou heróis, comigo não podia ser diferente e até algum tempo isso era autêntico.
Também aqui, segui o exemplo do meu irmão mais velho, quando ele foi em 1967, foi sem dizer nada a ninguém, e foi com um lindo postal do paquete Vera Cruz que soubemos que já estava em Angola.
Não sei qual foi a sensação dele quando a porta se fechou, mas comigo foi tal e qual assim!!!
Morava-mos num casal separado do lugar da aldeia e separado por um riacho, que ao atravessa-lo havia uma fonte e a partir ali deixava-mos de ver a casa.
Como nas redondezas já lá tinham ficado três na guerra e todos meus conhecidos, dois dos quais casados e com filhos, eu também já era casado e minha mulher estava grávida de quatro meses, deu que pensar naquela hora, principalmente ao virar da esquina.
Na hora da partida
Quando a porta se fecha,
Aquele tique se espelha,
Açoita como chibata de pele,
Agente tenta fazer um cerco, na mente
Tirar tudo do pensamento,
Tenta enganar toda a gente,
E nem olhar para traz,
Mas de repente!!!!
Agente, para e olha,
E tudo o que a mente nos traz,
Só um certo frio nos acolha.
No caminho, agente chora,
Não é da dor que machuca,
Rezamos, que ninguém veja,
Na moral de quem manda,
Homem soldado não chora,
Mas dentro da nossa mente,
Tudo lá dentro lateja,
A última esquina, está logo além,
Voltamos a parar,
Limpamos a lágrima,
Que teima em rolar,
Lembramos de alguém.
Um ultimo olhar,
E eu lembro o que pensei,
Será que vou voltar?
Ou algo mais já não sei,
Mas um homem que é homem,
" Afinal, também pode chorar "
Do Ex combatente Albino Lima
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Em pricipios de abril de 1974, está formada a 1ª Carte, com todos os elementos que a compuseram!!!
Comandante do Batalhão: Alfredo Machado da Silva
1ª Companhia do Batalhão de Artilharia 6323
Capitão Miliciano Ramiro José Amaro Azevedo Pinheiro
Capitão de Infantaria António Camilo Almendra;cerca de um ano depois, subestituiu o falecido capitão Ramiro
Alferes Aires José Figueiredo Passeira
Alferes António Joaquim Alves da Pena
Alferes António Santos
Alferes Manuel José Mata Ramos
1º Sargento Felicíssimo Jesus Ferreira
Furriel Alvara Martinho da Silva
Furriel Amadeu de Amorim Pereira
Furriel António Francisco Carriço
Furriel António João Torres Lopes
Furriel António Eduardo Serqueira
Furriel Carlos Pires Martins
Furriel Constantino Rompante Moreira Dias
Furriel Eugénio Batista Pedrosa
Furriel Francisco dos Anjos Morais Feijó
Furriel João Jesus Ferreira
Furriel José Marcelino Gorgulho
Furriel José Manuel Zêzere Martrins
Furriel Luis António Pomares Letras
Furriel Manuel Joaquim Pinto da Silva
Furriel Pedro Manuel Rocha Pinto
Furriel Walter Moniz Borges Medeiros
1º Cabo Aires Fernandes Mesquita
1º Cabo ALfredo Machado Veiga
1º Cabo António Augusto Marques
1º Cabo António Antão bernardo
1º Cabo António Duarte Barrau
1º Cabo António Afonso Gonsalves
1º Cabo António José Onório
1º Cabo Basilio Fonte Dourado
1º Cabo Fernando Dias Medina
1º Cabo Herminio Almeida Santo
1º Cabo João Maneira Marmou
1º Cabo Joaquim Gamboa Santos
1º Cabo Joaquim Rocha Oliveira
1º Cabo José António
1º Cabo José Guilherme Alves
1º Cabo José Joaquim Tiago
1º Cabo José Luis Santos Garvão
1º Cabo José Manuel Fonseca Jorge
1º Cabo José Manuel Teixeira Machado
1º Cabo José Maria Alves Ribeiro
1º Cabo José Santo Cardoso
1º Cabo Júlio José Colaço Felix
1º Cabo Manuel Machado Ferreira Silva
1º Cabo Manuel Neves Almeida
1º Cabo Mário Manuel Ferreira Fontes
1º Cabo Mário Alberto Pina Baltazar
1º Cabo Quintino Arménio Oliveira
1º Cabo Reinaldo Pereira da Silva
1º Cabo Salvador Gonsalves Pinto
1º Cabo Ventura José Batista
1º Cabo Victor Joaquim Cabral
Soldado Adelino santos Gomes
Soldado Adérito Ferreira Afonso
Soldado Albino da Asceñção Lima
Soldado Altamiro Rodrigues Carrichola
Soldado António Abel Sousa
Soldado António Amadeu barros da Silva
Soldado António Dias Oliveira Ventura
Soldado António Fernandes
Soldado António Ferreira
Soldado António José Horta Cascabulho
Soldado António Lopes Costa
Soldado António Martins Osório
Soldado António Paulo Beguilhas
Soldado António Ponte Rodrigues
Soldado Armando Gonçalves
Soldado Armindo António Esteves Vidal
Soldado Augusto Silva Costa
Soldado Baltazar Fernando dia Oliveira
Soldado Bernardo Calçado Pereira
Soldado Carlos Alberto Pascoal
Soldado Carlos Alberto Abrantes da Silva
Soldado Carlos Manuel Barrocas Letão
Soldado Carlos Ramos Batista
Soldado David Simões Martins
Soldado Domingos Gonçalo Gonga
Soldado Emidio Manuel Afonso
Soldado Emidio Joaquim pazeiro
Soldado Ernesto rodrigues Gonçalves
Soldado Eusébio rodrigues Santos
Soldado Fernando Coelho
Soldado Fernando Fernandes
Soldado Firmino gonçalves
Soldado Flaviano Nunes Coelho
Soldado Hélder Gabriel ferreira
Soldado Henrique de Jesus Augusto
Soldado Hilário Rodrigues
Soldado Ilidio Martins Albertino
Soldado Jacinto nascimento Duarte
Soldado João António Teixeira Leite
Soldado João Cabeça Luis
Soldado João Coelho Henriques Mateus
Soldado João Sousa Gomes Brás
Soldado Joaquim Lopes Pina
Soldado Joaquim Rasteiro Peralta
Soldado Jorge Conceição Duarte
Soldado Jorge Manuel Agotinho Custódio
Soldado Jorge Manuel Lima Costa
Soldado Jorge Manuel Sousa Lima
Soldado José Alberto Clara
Soldado José António Oliveira Costa
Soldado José Bernardo Seixas
Soldado José Encarnação Vala Matos
Soldado José Joaquim Carvalho Castro
Soldado José Manuel Costa Marques
Soldado José Peralta Dias
Soldado José Serqueira
Soldado Leandro Ernesto peixoto
Soldado Manuel Bernardo fernandes
Soldado Manuel dos Santos Bebiana da Silva
Soldado Manuel Joaquim Nunes Meireles
Soldado Manuel Francisco Palma Lourenço
Soldado Manuel pereira Gomes
Soldado Mário Francisco Deitado
Soldado Nascimento Carmo Gonçalves
Soldado Orlando Magalhães Pires
Soldado Paulo Manuel Afonso
Soldado Ricardino José Longo Vieira
Soldado Rui Alfredo Costa Pereira
Soldado Rui Manuel Costa Pereira
Soldado Tomé Teste Ornelas
Soldado Victor Manuel Almeida da Silva
Soldado Victor Manuel Marques Martins
Soldado Vitorino Martins Apolónia
25 de Abril de 1974 ( revoloção dos cravos )
Não chegou a haver violencia, conta-se que uma florista da cidade de Lisboa começou a colocar cravos vermelhos nos canos das espingardas dos militares e a população seguiu-lhe o exemplo, daí ficar para sempre conhecida como a revolução dos cravos, e que acabou com cinquenta anos de ditadura em Portugal!
A 1ª Cart, estava acampada, havia apenas dois dias em instroção operacional, para partir para Angola a 13 de Maio, eu estva de clarim dia e nessa madrugada ainda noite, inesperadamente, fui ordenado pelo oficial de serviço para tocar o toque da alvorada, ficou dodo o mundo baralhado, pensava-mos que era mais uma artimanha de instroção, mas a ordem foi para recolher-mos tudo o mais rapidamente possivel, e chegados ao quartel, alguns ainda foram para a rua para uma pequena participação, mas eu não saí mais do quartel, a não ser para ir passar uma semana em casa para depois partir para Angola!!
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O Clarim
Módico instrumento que na Artilharia,
Com seus toques nos transmitia, tantas emoções,
Realçava os nossos deveres do dia a dia,
E hoje me faz lembrar tantas recordações.
Na semana I. A. O; A 1ª CArt. 6323 Estava acampada,
A 25 de Abril logo de madrugada,
O Oficial de serviço de surpresa me ordenava,
Ò Lima vai tocar a "Alvorada",
Acompanhando o sol de um novo dia,
Rompe o silencio que até então reinava,
Ninguém sabia o que ocorria e nem o que dizia,
Despertando com a minha súbita clarinada.
Sonolento e sem saber da realidade,
Lá vou tocando a atabalhoada alvorada,
Quem diria que tal toque nos daria,
A esperança para a nossa liberdade,
Transmitindo as ordens que por ele passava
Como mensageiro sonoro, o Clarim prevenia,
Colocava-nos prontos para a hora exacta,
Cumprindo as missões da Artilharia.
Doces lembranças palpitam em mim,
Poderoso inconfundível e vibrante,
Com o comovente toque do Clarim,
Punha em sentido o próprio comandante.
Como homenagem aos mortos da nobre arma,
O toque choroso do "Silêncio", pelo Clarim,
Parece chegar até na própria alma
Daqueles a quem chegou o seu fim.
De ex. - Soldado Clarim:
Albino Lima
E vamos passear pela cidade mais bonita do mundo "Caldas da Rainha"
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Esta é a minha Cidade
Em cima o parque da Cidade " Parque D. Carlor I"
Video
Mercado diario mantem-se aqui por ser considerado tipico, a grade maioria das coisas vem directamente do campo, è o belhete postal da Cidade!!
Um maravilhoso cenário dentro do Parque
È a fote onde antigamente os camponeses vinham dar de beber ao gado, quando os transportes eram feitos de atração animal, " Chafariz das cinco bicas", hoje é só memso cartão postal,
Centro histórico
Tentativa de golpe de estado em Caldas da Rainha 16 de Março de 1974
Era o prisidente do conselho; Marcelo Caetano sucessor s Salazar, seria agora o 1º Ministro! coma revoloção de 25 de Abri, foi asilar-se no Brasil, onde faleceu e está sepultado!!
Entretanto começou a sentir-se alguma crispação no seio das forças armadas, e foi precisamente na minha cidade "Caldas da Rainha" que ouve a primeira tentativa de golpe de estado, foi a 16 de Março de 1974, foi a uma Sexta Feira, dia de virmos de fim de semana, a hora da dispensa para sairmos de fim de semana era por volta das 14 horas eu vinha sempre de boleia = Br. Carona, normalmente chegava sempre de noite, passava o Sabado e no Domingo de manhã tinha de voltar para chegar a Èvora na Sugunda Feira de madrugada.
E foi no domingo quando tentava apanhar transporte que fiquei a saber do acontecimento, havia uma agitação na cidade fora do comum.
16 de Março de 1974: falsa partida (Memória descritiva) | Aventar
Regimento de Artilharia Ligeira 3 ( RAL 3 )
Luís Graça & Camaradas da Guiné =Guiné 63/74 - P2779: Estórias do Juvenal Amado (8): O último Natal em Galomaro (Juvenal Amado)
Foi a única que encontrei do extinto RAL 3, é muito antiga, está escrito que é do inicio da decada de 40, se bem me lembro quando lá tivemos já tinha usufruído de bastantes molhoramentos, hoje o espaço está bem mais nobre, está lá instalada a Univercidade de Evora!!!
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E após quatro meses de especialidade, foi no dia 11 de Fevereiro de 1974 que me levaram para Évora, este dia será difícil esquece-lo, naquele tempo para se ir em transportes públicos de Lisboa para Évora , tínhamos que sair pelo menos ao meio dia para chegar a Évora no outro dia de manhã, isto foi a um Domingo para chegar lá na Segunda Feira, o transporte foi de comboio = Br.Trem, chegamos a Évora pelas 5 horas da manhã, como não tinha-mos cama destinada, íamos todos cansados da viagem e como era fim de semana, as casernas estavam vazias, eu e os outros que foram comigo, não fizemos cerimonia, cada um virou-se e ocupamos as camas dos outros que tinham ido de fim de semana, a bronca foi quando os outros chegaram na Segunda de manhã!!!
E aqui, uma história engraçada, era Segunda-feira, dia de mercado, o qual ficava encostado nas traseiras da caserna e muito embora eu estivesse cansado mas não deu para não ouvir uns alaridos da parte de fora, para quem não sabe os alentejanos tem uma expressão regional e distinta e começo a ouvir, ai, ai, ai, ai, ai, e eu preocupado, pensava, caramba deve ter acontecido alguma coisa bastante grave aqui, e lá vou me empoleirando trepando que nem gato, com todos os meios que tinha para chegar a umas pequenas janelas que estavam lá bem nas alturas e ai é que descobri que eram os mercadores a apregoarem os seus frutos e a forma era mais ou menos isto, ai, ai, ai, ai, ai, ai, que bela fruta, que bela fruta, que bela fruta.
Ok. que me desculpem os alentejanos, mas nunca mais consegui esquecer isto e dá-me vontade de rir, ao lembrar como na altura me mijei a rir com a ocorrência!!!
E foi aqui, que aos poucos foi-se formando o BART, 6323 e mais própriamenta a 1ª CART, que a partir daqui será a essência deste Bolg.
Os Guerreiros da paz!!!
De Albino Lima.
A 1ª CArt deste a sua formção ao regresso
O BART 6323, foi formado na cidade histórica de Evora, no extinto Ral 3 (Regimento de artilharia ligeira nº 3 ) teve uma pequena participãção na revolução de 25 de Abril de 1974 e partiu para Angola a 13 de Maio. Foi o primeiro a partir depois de 25 de Abril de 1974 para Angola.
E certamente o primeiro a partir com mentalidade diferente dos seus antecessores. Isto é: uma mentalidade mais pacífica do que bélica.
Para a 1ª CART até a data da partida parece ter sido escolhida - 13 de Maio, com chegada a Luanda a 14, debaixo de um calor abrasador.
Não quero com isto condenar ninguém - aqueles que combateram antes de 25 de Abril, pois nós éramos apenas «cordeirinhos» mandados e que fomos impelidos quase compulsivamente a fazer parte duma «engrenagem» bélica.
E o dever era obedecer.
E muitas vezes obedecer aos versos do Paco Bandeira: ter de matar para não morrer.
Recordo-me de uma frase de um comandante, no RAAF em Queluz, que dizia: não há soldados maus, os soldados só são maus quando os comandos o são.
Faz parte do ser humano, onde há guerra há atrocidades, e tenho ouvido relatos, histórias de camaradas que lutaram antes de nós, que vão além da imaginação.
Relatos que me fizeram crer que apesar de tudo a 1ª CART do 6323 foi uma companhia com muita sorte, não pelo o que passámos, não pelo que fomos obrigados a deixar passar, não pelo que fomos obrigados a assistir, não pelas perdas humanas, porque essas a tristeza me acompanhará até ao meu fim, mas por termos a sorte de termos sido comandados por homens de bem, especialmente o Capitão Miliciano Ramiro Pinheiro, que ao contrário dos versos do Paco Bandeira, eu ainda hoje acredito que, preferiu morrer de que matar, fazer matar ou deixar morrer.
Para a história fica que a 1ª. CART do BART 6323 chegou a Luanda a 14 de Maio de 1974, esteve no Campo Militar do Grafanil até 20 do mesmo mês a no dia seguinte rumou até ZALA. Aqui permaneceu dois meses, onde ainda fez algumas operações e escoltas e dado a situação entre os negros e os comerciantes dos musseques de Luanda se ter agudizado foi escolhida para integrar o COTI 1 - Comando Operacional de Tropas de Intervenção Nº. 1. Antes de regressar a Luanda ainda esteve sediada em Quicabo 15 dias a fazer escoltas entre o Caxito e Quicabo.
E foi em meados de Julho de 1974 que entrou «triunfalmente» em Luanda, como se estivesse no mato, com as metralhadoras pesadas em cima das Berliets e ficou aquartelada no Agrupamento de Engenharia de Angola até que houvesse instalações no Campo Militar do Grafanil, onde estavam sediadas todas as companhias do COTI 1. No início de 1975 foi colocada no antigo R.I. 20 já quase dentro da cidade de Luanda e aqui se manteve até ser novamente colocada no Agrupamento de Engenharia de Angola, (apenas um mês) - local de onde saiu para o aeroporto para regressar a Portugal em 21 de Agosto de 1975.
Aos camaradas que queiram contribuir para viabilizar este fotoblogue serão bem vindos.
Vamos comentar sem medo o que passámos, o que sentimos, o que pensamos, o que sabemos, as nossas opiniões etc.
E viva o 25 de Abril!
Viva o BART 6323!
Viva a 1ª CART !
E vivamos todos nós - aqueles que sobrevivemos, que fomos heróis sem reconhecimento, sem honra e sem glória, ignorados, esquecidos e maltratados pelo poder político instalado!
Vamos fazer deste local um ponto de encontro e um repositório de recordações que fiquem para memória futura, porque um povo sem memória é um povo sem futuro. Artigos e imagens podem enviar
Albino Lima